Na sequência do projeto expositivo Evocação - Arte Contemporânea, a decorrer
nas Salas da Grande Guerra do Museu Militar de Lisboa desde 9 de março de 2016,
vai inaugurar a décima intervenção intitulada Alfarrobeira de J. Rosa G. no dia 23 de maio de 2019, quinta-feira,
às 18h30,
Uma trágica batalha que há 570 anos mudou o
mundo em confronto com uma guerra que há 100 anos envolveu o mundo.
Alfarrobeira de J. Rosa G.
Nas salas da
Grande Guerra do Museu Militar de Lisboa, decorre a décima intervenção
integrada no projeto Evocação arte
contemporânea (2016-2019), intitulada Alfarrobeira.
Com esta intervenção, de J. Rosa G., as salas da Grande Guerra deste museu são
confrontadas com uma homenagem ao Infante D. Pedro (1392-1949), um príncipe
perdido no campo de uma batalha nas margens da ribeira de Alfarrobeira, próximo
de Alverca, no dia 20 de maio de 1449.
Sendo um
príncipe culto e amado por todos, profundo conhecedor do seu tempo, a sua morte
alterou o rumo da história porque sem esta batalha e com D. Pedro, tudo teria
sido diferente.
E a Grande
Guerra que se evoca aqui, sendo uma guerra mundialmente assumida por todos, com
muitos soldados desconhecidos de ambas as partes, é igualmente uma ocorrência
que alterou o rumo da história. Sem ela tudo seria diferente.
Esta relação
entre estes dois momentos, pode ser descoberta na sensibilidade própria do
investigador-artista que relaciona o irrelacionável, que diz o indizível, que
questiona incessantemente as origens das coisas e dos factos, sempre com uma
atitude construtiva de perspetivar outros futuros.
Verificamos que
as coincidências entre estes dois factos são o tempo e os lugares percorridos
por todos aqueles que buscam soluções para o mundo, tanto de forma consciente
como de forma natural. Lugares como Arras, Bruges, Gante, Bruxelas, Lovaina,
Nuremberga são por onde passaram o infante D. Pedro em 1425-26, seguramente o primeiro
português a viajar pela Europa, numa longa viagem que o leva a conhecer cinco
países ao longo de dois anos, num périplo que enquadra a sua grandeza
intelectual, cultural e humanista.
São também estes lugares, onde, entre
1916 e 1918, milhares de soldados deram as sua vidas por causa das raízes de
uns e de outros. Soldados desconhecidos, não por não se saber a sua
identificação, mas porque não lhes foi dado o tempo necessário para nos disserem
o que eram e qual seria a sua missão no mundo. Soldados desconhecidos evocados
neste evento sob o pretexto do infante D. Pedro, um príncipe português do
século XV, humanista, a quem não foi dado o tempo e o espaço para exercer o seu
saber. Se o fosse tudo seria diferente.
O que J. Rosa G. nos propõe é o
questionamento do destino perante a vida e a morte, perante a “pedra-príncipe”
e o “pranto”, perante a sensibilidade estética própria de um artista ao
escrever um livro-obra como lugar de registos do pensamento vivo e universal, em
sintonia com o seu tempo. Uma evocação dos desconhecidos de uma guerra grande e
mundial e de uma batalha nas margens de uma ribeira salientada pela relevância
da sensibilidade histórica e estética de J. Rosa G. Temos deste modo três
tempos, 1449, 1918 e 2019 em sintonia, por intermédio da estética de uma obra
que inevitavelmente nos supera a todos.
Uma obra que
resulta de investigação histórica, de pensamento estético, de intuição
envolvida na procura da essência da arte. Um livro sobre Pedro e Pranto, sobre
a força do ser e a emoção, sobre a questão da falta e da ausência, sobre o
destino. Pedro e Pranto é um pensamento sobre como o mundo poderia ser
diferente se uma batalha, se uma guerra não tivessem existido, se não houvesse
necessidade de prantos, se os homens se tivessem entendido pela palavra ou pela
arte, e não se servissem apenas destas como instrumentos de poder.
Ilídio Salteiro, 2019
J.
Rosa G.
Nasceu em 1961 em Vale de Açor, concelho de Ponte de
Sor.
Desde 1995 efetuou mais de 120 livros de autor, únicos
ou de tiragem reduzida e realizou as seguintes mostras:
Exposições Individuais:
2004 - “dos livros que não se lêem”, Biblioteca
Nacional, Lisboa,
2007 - “O Livro de Pan II e Outros Livros”, Museu
da Água em Lisboa.
2013-15. “Milagre – Elogio aos Painéis de
Nuno Gonçalves”, Capela do Fundador do Mosteiro do Mosteiro
da Santa Maria da Vitória, Batalha.
Exposições
colectivas:
1999 - Artistas Com Timor, Armazém 7,
Lisboa.
2006 - Caligrafias, Casa Fernando
Pessoa, Lisboa.
2012 - Arquivo Secreto, Arquivo
Fotográfico de Lisboa, com o livro inédito: 744-252.
Off The S{h}elf:
The Self and Subjectivity in the Artist’s Book, Londres, 2012, com o livro: A Look Against Narcissus.
2012 - 3ª Feira do Livro de Fotografia,
Fábrica do Braço de Prata, Lisboa.
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